Porque sentimos ansiedade?
- Darcio Filho

- 20 de mar. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de ago. de 2024

Ela surge em situações em que nos sentimos ameaçados, e essas ameaças geralmente estão dentro de nós, e os eventos externos apenas despertam essas ameaças internas.
Introdução à Ansiedade
A Organização Mundial da Saúde informou que em 2019 quase 10% da população brasileira sofre de ansiedade.
O ser humano sente ansiedade de maneira instintiva, e diz-se impossível de viver sem ela, e que de certo modo isso nos ajuda a sobreviver, pois a diferença entre o remédio e o veneno está na dose.
Sentimos ansiedade sempre que estamos ameaçados ou em perigo porque nosso corpo está programado e preparado para se sentir dessa maneira devido às reações orgânicas que nele ocorrem.
O Funcionamento do Cérebro na Ansiedade:
Como uma ferramenta muito importante, a neurociência nos ajuda a reconhecer detalhes importantes sobre o que cada área do nosso cérebro faz, e esse conhecimento pode nos ajudar a lidar com nossas emoções mais aflitivas.
Vamos observar de maneira um pouco mais teórica o nosso cérebro para jogar luz em seu funcionamento. Temos uma região chamada córtex em nosso cérebro, ela está localizada no topo da cabeça e ali acontecem os nossos pensamentos em níveis conscientes, logo, quando estamos raciocinando estamos usando essa parte do nosso cérebro.
Podemos dizer que somos equipados com um sistema que podemos chamar, digamos, de maneira lúdica, "sistema de emergência". Esse sistema funciona com "injeções" de adrenalina que nos auxilia a enfrentar algum perigo iminente ou até mesmo fugir dele.
Quando o coração está disparado em um ritmo acelerado, junto com a pressão sanguínea e a adrenalina, saiba que existe uma pequena parte do nosso cérebro, do tamanho de uma amêndoa, acionando esse sistema, porque, de acordo com a situação que estamos enfrentando, nós estamos precisando dessa ajuda, nós estamos precisando sobreviver e superar algo que nos coloca em risco, aos olhos desse sistema.
Ainda em nosso cérebro, em uma região denominada como estrutura subcortical, encontra-se a Amígdala, que está relacionada a uma área primitiva do nosso cérebro e ligado às formas mais arcaicas de nossa existência. A amígdala não é exclusiva dos seres humanos; todas as espécies de vertebrados também a possuem. Elas são um componente do sistema límbico, que é, apropriadamente, responsável pelas respostas emocionais, então, quando a Amígdala predomina o sujeito, ele deixa de funcionar racionalmente, fazendo com que aja de maneira muito mais emocional.
Exemplificando o funcionamento da Amígdala, é ela que aciona o seu "sistema de emergência" quando algo te coloca em perigo, por exemplo, um carro que vem em sua direção e você precisa correr o mais rápido possível para não ficar no caminho do automóvel.
Abordagens para Lidar com a Ansiedade:

Esse sistema de emergência de fato é algo que nos auxilia muito quando algum perigo real está próximo, a grande questão é que esse mesmo sistema é acionado, por vezes exageradamente, em situações mais corriqueiras e atuais, como uma conversa difícil com um parente, uma apresentação no trabalho etc. Convenhamos que nessas situações não precisamos de adrenalina ou de que nossas pernas nos levem o mais longe que pudermos correr, não é mesmo?
Portanto, podemos dizer que, na maioria das vezes nos tempos modernos, a amígdala está ativando nosso sistema em momentos inapropriados e por motivos incorretos. E por uma ótica ainda pior, nosso córtex pode estar sendo superado por esses motivos, resultando em grandes ansiedades talvez desnecessárias.
O medo está ligado a uma ameaça real, como o perigo de um carro que vem em alta velocidade e a ansiedade se conecta a algo que podemos estar pensando ser um risco a nossa integridade, como uma conversa séria com o chefe no trabalho. O medo tem relação a um objeto que conseguimos nomear, como dito pelo próprio Freud e a ansiedade é algo que se encontra em uma área cinzenta e nublada que queremos evitar muitas vezes sem nem saber o porquê.
A partir de agora temos dois caminhos que precisamos entender em relação a esses comportamentos e associações feitas pelo nosso cérebro. O primeiro deles é entender porque nosso cérebro associa algumas situações como ameaçadoras e ativa nossa ansiedade de maneira equivocada, e o segundo, é entender como podemos assumir o controle e evitar essa ansiedade fora de contexto.
Respondendo a primeira pergunta, uma das características que a Amígdala possui, além de acionar esse nosso sistema emergencial, é que ela armazena experiências traumáticas ou dolorosas. Por exemplo, uma criança que se assusta e se acidenta de bicicleta quando criança, talvez o sangue que ela possa ter visto naquele momento traumático do acidente fica registrado como algo ruim que aconteceu, assim qualquer associação com bicicletas ou sangue torna-se algo traumático.
Em relação à segunda pergunta, se nossa mente faz associações automaticamente e sem nosso controle, como podemos lidar com essa questão?
Buscando por ajuda:

Em primeiro lugar precisamos de autoconhecimento, precisamos entender a fonte dessa questão, que muitas vezes, de maneira incontrolável, nos afeta.
Então através de um trabalho analítico, através da psicanálise conseguimos entender a fonte dos nossos traumas e de nossas angústias, trazendo equilíbrio e razão para o nosso sistema de emergência.
Temos nossas próprias questões para resolver e entender, então não podemos deixar que um mundo tão ansioso por respostas, que demanda cada vez mais de nós, reine sobre nossas mentes e nos adoeça.
Somos possuidores de um sistema psíquico complexo e que precisa de alguns ajustes em alguns momentos. Ainda herdamos características que não são mais utilizadas pelo homem nos tempos atuais. Diversas vezes alimentamos uma mente que foge de conflitos justamente por não conseguir compreendê-los, e é nesse momento e nesse lugar que conseguimos ajustar as falhas de um sistema primitivo, mas que nos mantém vivos.
Para lidar com esses comportamentos, é importante entender por que certas situações são associadas como ameaçadoras, ativando e nos deixando ansiosos, e como podemos aprender a assumir o controle e tentar evitar a ansiedade fora de contexto.É fundamental buscar o autoconhecimento para identificar e compreender essas questões, nos libertando e permitindo viver com mais equilíbrio e tranquilidade. Se esse texto te fez refletir sobre como a ansiedade tem impactado sua vida e você sente que precisa de um espaço seguro para explorar suas preocupações, livre de críticas ou julgamentos, entre em contato comigo pelo botão abaixo.



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