Será que eu preciso de terapia?
- Darcio Filho

- 23 de abr. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 26 de ago. de 2024

Será que eu preciso de terapia? Devo ir ao Psicanalista? Mas eu não tenho nenhum problema!
Talvez esses tipos de perguntas e afirmações já devam ter passado pela sua mente, principalmente em momentos difíceis e que acabam nos esgotando, física e psicologicamente, e algum tipo de ajuda provavelmente foi cogitada.
Existem alguns recortes sociais e culturais que influenciam na decisão, e até na possibilidade, de ter tido o contato com alguém que já tenha feito algum tipo de psicoterapia, mas antes de falar sobre esses recortes precisamos falar sobre paradigmas e preconceitos.
O medo de parecer frágil
As pessoas possuem muitos argumentos quando o assunto é procurar por ajuda, sobretudo quando é relacionado a saúde mental, mesmo o assunto sendo bastante discutido hoje em dia. Essa resistência em fazer análise, terapia ou qualquer tipo de psicoterapia está relacionada a problemas psicológicos e neurológicos, pois algumas dessas pessoas consideram que os psicoterapeutas apenas tratam das pessoas que estão com problemas psíquicos.
Outras julgam a procura pelo profissional como um ato de fraqueza, e acabam considerando esse auxílio como vergonhoso, e que de alguma forma, foram vencidas pelos problemas que consideram não ser importantes.
Mas eu consigo elaborar minhas questões sozinho
Uma pauta muito abordada naqueles que se dizem auto suficientes é em relação a auto análise. Algumas pessoas argumentam possuir um autoconhecimento grande o suficiente e um grau de instrução que os qualificam para conseguir elaborar suas questões sozinhas, conversando consigo mesmas.
Olhando por essa ótica, podemos chegar a conclusão de que sim, podemos fazer uma autoanálise, respeitando algumas condições. Na psicanálise essa elaboração acontece no setting analítico, em outras palavras, em uma estrutura que atenda as condições, seja de maneira online ou presencial, que é viabilizada pelo analista que abre caminhos e fomenta novos modos de pensar. A auto análise é uma experiência de associação livre de ideias, ela não é uma experiência de pensamento introspectivo, é preciso falar e pra que isso aconteça é importante a presença do outro. Portanto nós fazemos uma auto análise, porém não conseguimos fazê-la sozinhos.
Freud na contemporaneidade de seu livro mais conhecido, "A interpretação dos sonhos" passa por um período de auto análise, porém não o faz sozinho. Essa fase de sua vida que inicia os estudos sobre o conteúdo dos próprios sonhos e outras questões aflitivas é feita em conjunto com seu médico amigo Wilhelm Fliess, ou seja Freud o via como a autoridade que viabiliza o despertar de seu consciente sobre os tópicos abordados.
Tudo em seu devido lugar
Na série intitulada "Sessão de terapia", o personagem Caio Barone, interpretado por Selton Mello, diz a seguinte frase: - "A psicanálise não substitui os amigos e vice versa". Podemos pensar nessa frase como um paralelo de que "colocar pra fora" nossos sentimentos, nem sempre nos ajuda a elaborar ou a encontrar um conteúdo reprimido coberto de experiências que camuflam os sentimentos, pois algumas conversas são bem vindas na mesa de bar, outras dentro da clínica.
O Setting analítico é um lugar seguro no qual podemos ser frágeis, e entender que não somos fracassados por reconhecer isso. A análise pode proporcionar um ambiente de grandes descobertas, um lugar para que possamos descobrir não apenas nossas fraquezas, mas também nossas fortalezas. Precisamos derrubar essas barreiras!



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